Aquele que procura faíscas...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Amizade Perfumada

Flor mais linda com perfume de calma
Entra quieta, faz respirar
Aquieta a alma

Me faz entender pensamentos confusos
Abraça o desejo secreto
E me dá segurança de colo de mãe

Essa coisa que invade e não perde a força
É água tempestade
Vento uivante
E som que faz o coração amolecer de saudade

Quero força
Quero ternura
Quero sono para poder seguir
O descanso me ajuda, ampara e faz sentir
Preciso da calmaria, da tranquilidade
Já sou terremoto suficiente e preciso dormir

Para a seleção da Oficina Compartilhada

domingo, 15 de janeiro de 2012

Distância Dolorida


Saudade aqui quando dá fica.
Dói, dói e o coração se agita.
A voz embarga.
A lágrima escorre.
Mas não adianta fugir.
Pois a vida corre.
E é preciso partir.

Falta de Grandeza

“Foi de mesquinharia em mesquinharia, 
de pequena em pequena coisa, 
que finalmente as grandes coisas se formaram.” 
Michel Foucault
 
As meninas tinham de um tudo. Casa grande, cada qual com seu quarto e carro sempre do ano. O dinheiro nunca faltava e os passeios variavam entre balneários ensolarados e restaurantes da moda. Não chegava a ser uma vida luxuosa, mas era, com certeza, uma vida boa. E duas delas, pois moravam juntas sem os pais, que se aposentaram e foram morar de Cruzeiro em Cruzeiro: suíte com quarto separado, cama Queen size e varanda privativa. Na 'sala de estar' tinham até um bom sofá, decorada com restos da casa de campo! (Assim não precisavam nem de visitas, se entretinham com a população flutuante que entrava e saía do navio.)

E as irmãs assim viviam, cada qual cuidando de sua vida, mas sem cuidar muito da casa. Dentro da residência a competição era grande. Quem vai lavar a louça? Quem vai limpar a área de uso comum? As compras de mercado então eram o grande debate. Ninguém queria comprar alvejante para o lavabo da sala de estar. Contavam migalhas e vinténs apesar de serem ambas bem sucedidas e ainda ganharem mesada do avô abastado. Quem olhava de fora nada entendia.  Para quê tanta mesquinharia? Se pouco tivessem agiriam diferente? Com certeza as perguntas não eram fácil de responder.

Algumas mesquinharias mudam vidas, enquanto outras são facilmente esquecidas. Mas o acúmulo de pequenas mesquinharias é tão danoso quanto um copo de birita ao lado da cabeceira. O sujeito vai dormir embriagado e quando acorda dá aquela golada no copo de vodka aguada. E pior ainda é fumante apagando cigarro em lata de cerveja sem ao menos amassá-la para dar a impressão de usada. Vem um bêbado sedento e toma aquela coisa horrível, cheia de guimbas... Enfim. Ainda não há como saber o que pode acontecer com as irmãs, mas que a mesquinharia envenena a amizade, ah, isso já está acontecendo.
Para a seleção da Oficina Compartilhada

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Ladrona [sic]



Roubo vidas
Escrevo pra me livrar das palavras
Merda é bosta
E quem fala gosta
Deus não ajuda
E nem a folha de arruda
Levante pra sacudir a poeira
Ou então pra fazer a feira
Saia da frente que eu vou cuspir
E se ficar... 
... sou eu quem vai sair

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Psicodélica Realidade

Acordei cedo sem querer
Se pudesse enfrentaria uma aventura em meu próprio jardim
Montaria borboletas multicoloridas
Fugiria das gotas pesadas da mangueira
E desviaria de moscas assustadoras
Para acabar, exausta
No tapete da porta dos fundos
E toda vez que ficasse entediada
Saberia exatamente o que fazer

Para a seleção da Oficina Compartilhada

Passou?


O passado passou
E ainda assim não acabou
Estamos sempre reinventando
O passado está sempre andando

A cada ano que passa é assim
E o passado mais passado fica
Quando um novo passado buscamos
E isso nunca tem fim

Para a seleção da Oficina Compartilhada

Sobre Gente

 
Hoje conversava com um conhecido que, entre diversas lamentações, enfatizava que a vida é muito difícil e que não aguentava mais o esforço enorme que tinha que fazer para que tudo desse certo em sua vida. Era a empreitada acadêmica que estava pesada demais, o trabalho pouco remunerado, os projetos que andavam lentamente... E acrescentou que, no meio disso tudo, ainda tinha eu, me preparando para mudar.

Mudar... Fiquei sem entender direito o que a afirmação carregava nas entrelinhas. Mas o fato é que ela desencadeou uma resposta imediata e sincera de minha parte: não precisamos de preparação para mudar. Isso já está dentro de nós mesmos e é só cair dentro. Quem prepara demais acaba não dando conta. Tem que ser natural, fazer parte da evolução da vida.

O grande clichê de que a vida é fácil e as pessoas é que complicam é a minha verdade. Ela pode ser até dura para uns ou bastante dura para outros, mas não é difícil, não. E falo isso sem pretensão alguma. Acredito no amor, acredito na sinceridade, acredito no talento e no esforço... Acredito no ser humano. E sei também que uns têm mais facilidade que outros para driblar os obstáculos e seguir em frente sem muito chororô.

Talvez por isso eu seja, muitas vezes, exageradamente positivo e desencanado. O que não significa que não sofra. Apenas não valorizo demais os perrengues que fazem parte da minha história. E não estou muito preocupado com o que os outros pensam de mim. Se eu te conheço vou (tentar) te cumprimentar e (sempre) conversar olhando nos olhos. Sou carinhoso, atencioso, tento fazer o bem e diversas vezes escorrego, porque sou gente.

Medo de mudar? Sobre vida e sobre gente, o melhor é ser contente.
 
Para a seleção da Oficina Compartilhada