Aquele que procura faíscas...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Às Avessas

Cansada de rimar saudades com tristeza
E escolha com solidão
Parti pra outras construções mais ousadas
Pinçando as palavras de forma aleatória
Pra que nada combinasse
E nem a pressa me distraísse
Perfume, brisa, choro, chocolate ou mata verde
Tudo ficava suspenso
Pra depois que a cabeça parasse de funcionar

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Marcado a ferro na alma

Hoje é um daqueles dias de aperto no peito e saudades na espinha dorsal. Revirei cartas antigas, achei bilhetes antológicos dentro de livros, reli parágrafos de amor eterno... E, de repente, chorei esquisito. Chorei doído. Chorei o inconsciente. O irracional. E percebi que normalmente choro mais o racional. Choro porque penso e o que penso. Normalmente não choro o que escondi...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pesadelo?

Atacada de forma misteriosa durante o sono, não sabia mais o que era realidade ou ficção. Na vigília, exorcizava os pensamentos para, finalmente, ser capaz de cair no sono profundo e descansar. Mas ainda ficou alguns momentos lutando contra aquilo que dava medo. E o pavor demorou a lhe dar sossego.

terça-feira, 19 de abril de 2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Batalha Indecisa

Entrar nas sombras, desaparecer, reaparecer e abraçar a certeza.
Viajar nos sentimentos é caminhar na busca pela felicidade?
Destruir tudo para reconstruir.
E reconstruir para reinventar...

Querer as sobras para fenecer, renascer e aceitar a incerteza.
Viajar nos pensamentos é caminhar na busca pela coragem?
Morrer um pouco para não julgar.
E viver demais para perdoar...

Se entregar ao desconhecido para se perder, se encontrar e aceitar a derrota.
Viajar nos caminhos é aceitar que a vida tem espinhos?
Amar no instante para esquecer.
E amar bastante para escolher...

Elementos

Com quantos elementos se faz uma memória?
Bagagem... Chegada.
Echarpe... Liberdade.
Salto alto... Celebração.
Copo de cristal... Brinde.
Perfume... Saudades.
Colchão macio... Amor.

E o que é preciso para apagar tantas outras?
Colírio... Lágrimas.
Espelho de bolso... Cuidado.
Lenço de papel... Carinho.
Sapato Apertado... Coragem.
Avião... Partida.
Cama vazia... Sofrer.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Adaptação

Às vezes as saudades servem para nos dizer
que perto pode não estar dando muito certo,
mas longe é inviável viver.

Acordou cedo demais, no entanto sabia que precisava descansar e permaneceu na cama agarrada aos travesseiros. A cabeça recebia ataques de pensamentos e a técnica de prestar atenção na respiração não estava funcionando muito bem. Começou a ouvir o vizinho de cima. A cama rangia cadenciada e ela rolava na cama pensando na harmonia. Talvez se arrancasse de si o desejo latente conseguisse dormir novamente...
..
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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Descompasso

Crônicas banais de vida quase iguais. E a vida é como ela é. Romantismo, saudades, agressões, falta de limites, drogas, traições, bebedeiras, solidão, recalques, desejos homossexuais recalcados, paixões não convencionais, preferências bizarras, manias vergonhosas... Corações partidos, corações unidos.

O que importa não é a temática, mas a maneira como a enfrentamos. Não existem padrões. Não existem receitas ou fórmulas mágicas. Homens e Mulheres se esbarram em busca da convivência ideal, mas se esquecem de esquecer os modelos existentes.

Medrosos dos desejos mais íntimos, das memórias inconfessáveis, das atitudes impensadas, engessam-se num mundo esquisito, onde a liberdade e a espontaneidade desaparecem e viram tristeza, amargura e solidão. Trancados na caretice, nas regras, nas convenções sociais e nos consultórios psiquiátricos atropelam-se sem parar, fazendo vítimas em cada esquina.


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terça-feira, 12 de abril de 2011

Enregelamento

Sinto tanto frio que chego a pensar se não é saudade disfarçada de climatempo...

E de tanto lutar contra o frio e o sono, perdida em filosofias pós modernas, decidi colocar uma meia quentinha e tomar duas valerianas, porque insônia em véspera de lua cheia provoca pensamentos contraditórios, que o Ministério da Saúde Adverte.

Espinha Dorsal

Todas as almas juntas
Se arriscam num suspiro literário
E descobrem o poema temerário
Que sempre quiseram esconder

Vixe Maria, moça velha
Que de repente se descobre
E cai de cara com a pose nobre
Aquela que queremos esquecer

Dor na costela que nada
Dor doída na espalda
Dor de donzela desgarrada
Dor que ninguém quer ver......
...
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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Metamorfose

Transformar sentimentos em liberdade. Libertar sentimentos e, no processo, se libertar. Ela fecha os olhos e pensa em tudo o que o mundo ainda tem para lhe oferecer. Pensa nas surpresas e aventuras que estão por vir. Viver é viajar nas possibilidades, que são infinitas. Jogando seus sonhos para o alto eles caem feito sementes, e se divertirá enquanto espera qual delas vai brotar primeiro. Assim, de broto em broto vai aprendendo como cuidar de cada um, na esperança de que consiga fazer todos crescer.

Alguns morrem na trajetória, outros vingam e arrancam sorrisos. Os mais fortes são aqueles que ajudam no caminho da felicidade. Quer olhar para trás e enxergar um jardim bonito? Quem sabe? Cuide com carinho do primeiro vasinho florido e pode acabar em uma mata densa.

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domingo, 10 de abril de 2011

Recomeço

Dividíamos cama e sonhos. E fui chamada a escrever seu epitáfio. No momento de transformar em palavras o homem que tão bem conheci, fiz uma viagem secreta aos anos findos de amiúde convivência. Era preciso ameaçá-lo para ser tratada com decência. E o silêncio seguia por dias. Eu, chorando miúdo e enfiando bilhetes por debaixo da porta. Ele, entrando e saindo colado ao telefone celular, transbordando indiferença.

E quando finalmente tínhamos coragem de priorizar o amor, a conversa vinha carregada de autoritarismo. “Essa é a vida que eu quero ter”, afirmava Pedro com veemência. “Não me divorciei para ter uma vida normal.” E, no entanto, se negava a ser feliz, enchendo a tão escolhida vida de agora com a mesma infelicidade de outrora. Como se o sentimento de insatisfação lhe fosse necessário para continuar no controle.

Há muito tempo atrás Pedro casara-se com a insatisfação, e não havia jeito de abandoná-la mesmo trocando de mulher, de vida, de casa. A insatisfação vinha como a certeza da morte e lhe fazia infeliz em qualquer circunstância, a menos que se entorpecesse. E assim estava fadado a passar o resto de sua vida. Tendo um relacionamento íntimo e fiel com a insatisfação e com o antídoto para fazer as noites mais felizes que os dias.

Mas tudo não passava de um paliativo, e a alegria esfuziante da mulher amada o bombardeava por dentro e lhe rasgava a esportiva. De onde vinha tanto brilho, mesmo na consciência da derrota? Seremos todos derrotados pelo desconhecido, talvez amanhã mesmo. De onde viria aquela luz, aquela faísca invejável de otimismo, que ao mesmo tempo em que era sugada e absorvida por ele para seguir adiante; era banalizada e negada como o sentimento dos medíocres?

E quando o fardo se tornava pesado demais e a vida sem graça demais, fazíamos as pazes. Ele abria os braços e deixava que eu o enchesse de amor e segurança. Planejávamos viagens regadas a fantasias, mas logo adiante a sombra da insatisfação acenava cínica e estonteante, lembrando ao que era doce que aquilo não duraria muito. E o que estava delicioso e leve acabava não durando o que merecia, pois a sombra tomava conta de tudo com uma força imbatível e virava um desastre natural... Acabando com tudo o que era colorido pela frente...

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Sombras

Eu gosto de gente, o que não significa que me sinta atraída por todo mundo. Os homens são mais audaciosos porque se valem da cortina social. Já a maioria das mulheres, por medo, ainda aceitam um script pronto, com pavor do julgamento que podem receber. Aceitam as migalhas do capitalismo como se fossem grandes conquistas. E se esquecem do que realmente querem para a satisfação própria. Se largássemos os rótulos de lado poderíamos escolher entre uma possibilidade infinita de frascos. Mas para isso não basta queimar os sutiãs.

É preciso algumas fraturas na alma para quebrar de vez com o romantismo da costela, que vicia num paternalismo sufocante onde todas querem ser salvas, para num ato comovente e dilacerante abreviarem a própria vida. E aliviarem o peso da responsabilidade que é viver. E assim as pessoas coexistem em famílias, empregos públicos, religiões e organizações com estrutura enlatadas e de sabor duvidoso. Porque a surpresa, o inesperado, são por demais excitantes e ficar prostrado é mais fácil do que correr o risco de descobrir o mundo.

Entrar em contato com a própria sombra não é fácil. Minha face escura, frustrada, se aborrece com a vida mundana. Por isso eu a rejeito e ela vem ser ser chamada. De um lado, machuca e é machucada. Do outro, se liberta das amarras da hipocrisia e cai na fantasia. Mas por que ela precisa da noite errante? E por que abafa as outras nuances se fazendo de única amante? Ela parece inteira, mas não passa de um rameira que, sem coragem de se espalhar na vida, se esconde na veia da morte e foge de qualquer maneira. Nessas horas me faz voar e eu não entendo mais nada.

Ela me esconde no fundo do poço. A mim e as outras que, sufocadas, só sentem a dor da mais terrível e mal amada. E assim todas nós nos sentimos um pouco vítimas. Nos sabotando nas entrelinhas da vida. Despedaçando os próprios sonhos entre um gole, um desejo sufocado e um futuro enfadonho. Por que esse medo de ser feliz? E abraçar o que o seu universo sabe querer? Por que a necessidade de pertencer a fórmulas acertadas que todos sabem que estão engessadas, e que no fundo só fazem sofrer?

Seria o medo da plenitude, porque ela, assim como a morte, é desconhecida? O mistério atrai, enquanto a última gota de vida se esvai. A sombra mor encanta... E doce faz adormecer. Dormem você e todas as outras nuances que, juntas, entenderiam o sofrer. Por isso ela é egoísta e te usa para brincar na escuridão. Exu, encosto, pomba-gira... Os mais sensíveis dão nome à Rosa e tentam domar o monstro.

Na sobriedade sobram lágrimas, lástimas e histórias para contar. Mas por que achar que é privilégio da humanidade desequilibrada essa sombra mal encarada? É tão comum em mim quanto em você, e a minha fragilidade de ainda não saber domá-la é mais fascinante do que a sua habilidade em sufocá-la. Às vezes uma noite que parece sofrida, esconde uma vida melhor vivida.

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sexta-feira, 8 de abril de 2011

... Reticências... Hoje e sempre...

"Eu te amo, eu te amo! Quero atravessar a barreira virtual e ser sua!”

O caminho não morre, mas a estrada muda. Portanto, esperar (apostar!) ou decidir logo é uma questão de timing... Apressar-se ou não pode poupar-lhe percalços ou oferecer-lhe atalhos. Por que quando enxergo tudo tem uma névoa, uma neblina fina e suave, que inebria os sentidos? E quando olho não chega a ser diferente? Tem apenas menos magia... Mas tão cheio dela no entanto! A mágica nunca me abandona. Poções, superstições, rezas e credos. Não importa a origem, mas sim o resultado!

Como o otimismo agrega e repele. Tem quem ache que ele é fantasioso, ao ponto de enojar pessoas de estômago forte. Então, preciso de um refil... Reticências, reticências... Hoje estou cheia delas. Como se elas preenchessem as lacunas necessárias - o que o óbvio gostaria que fizessem sempre, mas agora, elas realmente funcionam!

Meus dedos ficam mais ágeis quando estou sozinha com meus pensamentos. A digitação e os devaneios caminham juntos, como melhores amigos. Mentira. Como amantes comprometidos. Câimbras... Sim. As sinto quando não estou alerta. Me pegam desprevenidas, como um castigo dos Infernos. Reticências...

Reticências hoje e sempre...

Reticências, reticências....

Elas novamente...

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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Caipirinha Sentimental

Todas já inebriadas quando, de repente, conversas paralelas transbordam dos copos cheios de mágoas. Como foi que deixou para trás, por pura vaidade, a fonte de seu prazer carnal? Hoje choram as entranhas suspirando fundo de saudades. Confusa e sem saber o que fazer, derrama a dor na mesa do bar. “Mais uma caipirinha, por favor.” As amigas não tão mais jovens assim se diferenciavam dela pela maior leveza com que levavam a vida. Seus olhos carregados denunciavam noites mal dormidas e muita bebida. Ah, e uma certa amargura também. Desde que fora trocada por uma moça mais jovem que tenta achar seu lugar nesse mundo embaralhado. Sem profissão, sem marido e sem chão.

Tentava se consolar no fato de a jovenzinha ser mais feia. E desengonçada também. Mas o alívio durava pouco. "E daí? Ela com ele, eu sozinha." E toda vez que admitia em voz alta que o casamento acabara por que tinha que acabar, sufocava no fundo da alma a possibilidade de ter sido traída. “Mas Diabos, o problema é que acabou! Não importa tanto agora.” Pensava, entre um gole e outro. E em meio às inúmeras frases feitas que eram jorradas para que ela se sentisse melhor, finalmente admitiu que sentia falta do rapaz. “Mais uma, quero sim!”, exclamou com dedo em riste. E todas também pediram mais uma rodada de chopp.

Genial esse negócio de internet. No meio da confusão de seus 55 anos de vida surgia esse jovem de 30 anos, interessado no seu corpo já não tão atraente e na sua cabeça cheia de histórias. Sincero, admitiu não querer compromisso e até ter outras namoradas. Sua indiferença durou pouco. Quanto mais afinidade tinham na cama, mais ela se incomodava em não ser exclusiva. Mas quanta bobagem! Depois de tudo o que já passou, porque não aproveitar sem cobranças? Agora ali estava a lamentar.

O outro namorado mais velho que tinha finalmente fez a escolha e levou uma das parceiras para conviver com a família. Este ela não queria mais, por puro princípio. Se ele resolveu assumir compromisso, ela não queria levar o rótulo de “a outra” e ter de se contentar com as migalhas que restassem. Se ele resolveu assumir compromisso, que arrume outra mulher para desempenhar o papel de amante. Agora o que tinha que fazer era reunir forças para procurar seu jovem rapaz. Suspiro longo. “A conta, por favor?”

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Do Amor e Suas Provas

O que seria o Amor,

Senão exaustivas provas dele mesmo?

“Eu te amo” daqui

Sem você, meu Amor, eu não sou ninguém dali

E assim seguem os amantes

Muitas vezes perdidos na falta de imaginação

Sem saber o que fazer

Para mostrar tanta emoção


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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Chuva Encantada

Às vezes quando chove parece que o dia chora

Chora as decisões reprimidas

E as Madalenas arrependidas

Chora a vida, chora a morte

E chora as dores vividas

Jorra tanta água abaixo

Que parece até partida


Lágrima é pranto

Mas também tem seu encanto

E jorrando essa água toda

Me perdi em pensamentos

E vi que o que dói hoje

Logo passa com o tempo